Blog - VVY School

Dharma e Consciência Humana

Uma Perspectiva Holística

Podemos adotar uma compreensão mais neutra e ampla do dharma, desvinculada de dogmas religiosos, pois quando falamos em dharma, frequentemente pensamos em um conceito já programado em nossa mente, muitas vezes ligado a contextos religiosos. No hinduísmo, budismo e outras tradições orientais, o dharma é visto como algo religioso, mas essa visão é apenas uma parte do entendimento.

Embora o termo dharma não tenha uma palavra que o defina nas línguas modernas, podemos entender o conceito como 'potencial de coerência no ato de presença'. Essa presença não se limita apenas ao ente humano, mas a todos os possíveis níveis e estados de consciência que existem, nos variados reinos.

Nessa perspectiva humana, o dharma pode ser comparado ao DNA, uma espécie de código informacional energético armazenado em nossa genética. Esse código não é uma lei externa ou obrigação, mas sim a essência informacional que define nossa natureza biológica individual e que nos torna potencialmente aptos a agirmos conscientemente e em harmonia com o equilíbrio de tudo o que existe em nós e ao nosso redor.

Dharma como Essência Informacional

Na prática, isso significa que cada um de nós possui um impulso inato, derivado da fonte criadora, que nos orienta em nossas ações e evoluções. À medida que interagimos com o ambiente e mudamos de situações, corpos e experiências, há uma comunicação constante entre nossa essência e a natureza viva e consciente ao nosso redor. Essa interação define nossa biologia e nossa estrutura genética, que são únicas para cada ser.

Desse modo, dharma não deve ser visto apenas como uma injunção religiosa ou uma obrigação moral, mas como um princípio natural da consciência humana. Cada ser vivo possui esse impulso para a criação e manifestação, e nossas ações são guiadas por essa codificação interna.

Naturalmente, esta perspectiva foge da noção limitada de qualquer determinismo reducionista, pois segue um equilíbrio imanente em todos os campos de existência sem que algo esteja fora desta abrangência. Por exemplo, quando pensamos nas qualidades intrínsecas da água ou do fogo, estas são qualidades inerentes a eles e a nenhum outro elemento da natureza. Esta característica é definida pelo fator dharma presente neles.

A Interação com o Ambiente

Ao considerarmos o dharma como um princípio informacional, podemos entender melhor a dinâmica entre nossa essência e o mundo ao nosso redor. A interação entre o código informacional humano e o ambiente é contínua e bidirecional. Assim como nosso DNA pode influenciar nossas características físicas e comportamentais, o ambiente também pode influenciar a expressão de nosso dharma.

Isso nos leva a uma compreensão mais profunda de como nossas ações e escolhas são moldadas. Não se trata apenas de seguir um caminho predeterminado, mas de responder de maneira consciente e harmoniosa às influências externas, enquanto permanecemos fiéis à nossa essência interior. Isso implica em autenticidade. Diríamos que há em cada ser um constituinte essencial que preserva e impulsiona fatores de autenticidade em tudo o que fazemos e de como fazemos. É como uma impressão digital que não se confunde com outra, dada sua autenticidade.

Do mesmo modo, cada um de nós possui um potencial único a ser explorado enquanto existimos conscientemente neste plano de manifestação. De certa forma, esta é a verdadeira causa de nossa existência. Estamos aqui para evoluirmos e a evolução ocorre a partir desta premissa motora que é o dharma, ou os códigos que nos torno cada vez mais o que já somos em potencial.

A evolução da consciência humana é intrinsecamente ligada ao dharma. À medida que nos desenvolvemos e crescemos, tanto individualmente quanto coletivamente, o nosso entendimento e expressão do dharma também se expandem. Esse processo de evolução não é linear, mas sim uma jornada complexa de descobertas e adaptações.

Nossa capacidade de evoluir está intimamente conectada com nossa habilidade de reconhecer e agir de acordo com nosso dharma. Quanto mais conscientes estivermos de nossa verdadeira natureza, mais capazes seremos de fazer escolhas que promovam nosso bem-estar e o bem-estar daqueles ao nosso redor.

Uma Visão Universal do Dharma

Ao compreender o dharma desta maneira, reconhecemos que ele transcende contextos religiosos e culturais, sendo um princípio atemporal e universal. Ele representa a nossa verdadeira natureza, orientando-nos para agir de acordo com nossa essência, promovendo o bem-estar e a cooperação entre todas as consciências.

Essa visão mais ampla e neutra do dharma nos permite viver em harmonia com nossa verdadeira essência e com o mundo e com a realidade. Em vez de nos sentirmos limitados por normas e dogmas rígidos, podemos explorar nossa própria natureza e descobrir o caminho que é mais autêntico e significativo para nós, pois não há como agirmos e realizarmos o objetivo de nossa existência sem desvendarmos na prática o nosso real potencial. É literalmente dizer com todas as letras: seja plenamente você.

Aplicar este conceito de dharma em nossas vidas cotidianas envolve uma série de práticas e atitudes que nos ajudam a alinhar nossas ações com nossa verdadeira essência. Isso pode incluir a meditação, a introspecção e a busca por um entendimento mais profundo de quem somos e do que realmente queremos na vida.

Também envolve a disposição de estar presente e consciente em nossas interações diárias. Ao prestarmos atenção ao momento presente e às nossas respostas a diferentes situações, podemos começar a perceber padrões e impulsos que refletem nosso dharma. Com essa percepção, podemos tomar decisões mais conscientes que estão alinhadas com nossa natureza interior.

Benefícios de uma Compreensão Ampla do Dharma

Adotar uma compreensão mais ampla e neutra do dharma oferece vários benefícios significativos:

  1. Autoconhecimento: Nos ajuda a entender melhor quem somos e qual é nosso propósito fundamental.
  2. Bem-Estar: Promove um senso de paz e bem-estar ao nos alinhar com nossa verdadeira natureza.
  3. Harmonia: Fomenta relações mais harmoniosas e cooperativas com os outros, à medida que reconhecemos e respeitamos o dharma deles.
  4. Evolução: Apoia nosso crescimento e evolução contínuos, tanto em nível pessoal quanto coletivo.

 

A decodificação do conceito de dharma como um princípio informacional energético que define nossa natureza individual nos permite desvinculá-lo de dogmas religiosos e vê-lo como um componente essencial da consciência humana. Essa visão mais holística e universal do dharma nos leva a explorar nossa verdadeira essência, a interagir de maneira consciente com o mundo ao nosso redor e a evoluir continuamente em harmonia com nossa natureza interior. Afinal, o universo é consciente.

Ao viver de acordo com essa compreensão ampliada do dharma, podemos experimentar uma vida mais autêntica, significativa e harmoniosa, promovendo o bem-estar de todas as consciências e contribuindo para a evolução consciencial e coletiva da humanidade.

Se você gostou deste artigo,
aprofunde seu conhecimento na Escola de Sabedoria Integral

Estado de Consciência e Reconfiguração da Realidade

Despertando da Matrix numa Realidade Multidimensional

Despertando da Matrix

 

A busca pelo autoconhecimento e a compreensão da realidade são catalisadores importantes que demarcaram saltos evolutivos e sempre fascinaram a humanidade. Considerando os fundamentos metafísicos do Yoga numa interseção entre a física quântica, a neurociência, a linguística e a filosofia perene, vemos emergir uma visão holística e profundamente espiritual da realidade, onde a consciência desempenha um papel central. Este texto questiona as possibilidades da ideia de que estamos dentro de uma "matrix" e que a consciência foi propositalmente bloqueada, impedindo-nos de evoluir e sair da roda de reencarnação. Vamos  refletir sobre como despertar e evoluir nossa consciência.

Para isso, vamos considerar a teoria da matrix dentro de uma heurística que, em termos gerais, é uma abordagem que facilita a resolução de problemas, o aprendizado envolvendo um atalho mental ou uma regra prática para simplificar a compreensão de conceitos mias complexos.

A Metáfora da Matrix

A ideia de que estamos dentro de uma "Matrix" ganhou popularidade através da cultura pop, mas suas raízes estão profundamente ancoradas em tradições filosóficas e espirituais. Na filosofia hindu, por exemplo, o conceito de "maya" descreve o mundo físico como uma ilusão, uma construção mental que obscurece a realidade última.

A terminologia Matrix é originária da palavra matriz ou Mater, que significa Mãe. Numa visão holística, entendemos que essa mãe é a própria Gaia, o núcleo de consciência individualizada do planeta Terra. A concepção de Matrix é, na verdade, a grade de potencialidades criativas que a consciência individual manifesta quando presente dentro dessa grade de informação energética que é Gaia. Logo, a Matrix não é algo negativo, mas um veículo pelo qual a consciência individual pode se perceber dentro dos contrastes da realidade humana.

No entanto, há um problema. Aqueles que conhecem as regras e leis dentro desse campo de consciência de Gaia ou Matrix usam essa estrutura eletromagnética para condicionar o ego humano. Devemos entender que o ego é, na verdade, a confluência de informações eletromagnéticas estabelecidas dentro desse campo de consciência de Gaia. Uma das maneiras de impedir a liberação da alma humana é justamente limitar as capacidades intelectuais promovidas pelo uso adequado das faculdades da glândula pineal, conhecida na tradição do yoga como Ajna chakra. Este termo está relacionado ao fogo e à luminosidade promovida pelo fogo, o fogo do conhecimento que nos dá a capacidade de ver além dos olhos físicos. Por isso, o que é visto como terceiro olho é, na verdade, nosso primeiro olho, o olho da consciência.

Por outro lado, temos a teoria do universo holográfico, amplamente discutida na física teórica, que sugere que o universo físico é uma projeção de uma realidade mais fundamental. Nesse contexto, a Matrix é uma metáfora para a forma como nossa percepção constrói a realidade com base em nossas crenças e limitações. A questão recai sobre a estrutura semântica que codifica a percepção da realidade tal qual a vemos dentro do holograma matricial, pois esta é apenas uma camada de energia que reage e interage com todos os códigos emitidos dentro deste grande campo holográfico. Desse modo, Matrix é o campo quântico neutro de qualquer sentido, sendo que este é simplesmente dado e definido por nós em nossa possibilidade de arbitrar sobre as experiências e eventos que ocorrem em nossa realidade. Em outras palavras, a ideia negativa de uma matiz é tão folclórica quanto a ideia de se sair dela. No entanto, é fato de que existe um bloqueio na consciência humana.

 

Bloqueio da Consciência

A ideia de que nossa consciência foi bloqueada de propósito, especialmente o terceiro olho (glândula pineal), ressoa com várias tradições esotéricas. Estas tradições falam sobre o fechamento dos centros de energia para impedir a plena realização e evolução espiritual da humanidade. Segundo essas teorias, entidades de baixas vibrações ou sistemas mais densos podem ter interesse em manter a humanidade em um estado de ignorância para controlar ou manipular. Isso pode ser observado em muitos textos mitológicos dos Puranas, onde se descrevem atividades de seres dimensionais com objetivos de subjugar os seres divinos, dentre eles, os seres humanos.

Naturalmente, para este empreendimento é muito provável que o bloqueio de faculdades superiores promovidas pela glândula pineal pude ser uma chave essencial para impedir a evolução da consciência humana. Não por acaso, inúmeras pesquisas independentes tem demonstrado que o uso excessivo de flúor leva a uma estagnação da glândula pineal, bem como a tormenta de informações codificadas que diariamente adentram o campo mental e energético através dos meios de comunicação como redes sociais, televisão e jogos eletrônicos.

Esse bloqueio da consciência impede que alcancemos a iluminação e transcendamos o ciclo de reencarnação, pois este não passa de um modelo de crenças codificadas ao longo de milênios na sociedade humana. A roda de reencarnação seria onde as almas continuam a reencarnar sem atingir a iluminação, sendo que procedimento depende do consentimento inconsciente destas mesmas almas. Para isso, o desenvolvimento de parâmetros teológicos foram sendo estabelecidos como normas naturais do humano, quando na verdade estes códigos de crenças devem ser vistos como mecanismos de aprendizagem na evolução humana e não como um veiculo imutável da condição humana. No entanto, o bloqueio da consciência pode ser interpretado como uma forma de impedir que alcancemos a libertação e transcendamos este ciclo - ainda que ilusório do  ponto de vista metafísico.

 

Evolução e Despertar da Consciência

A evolução da consciência é central em muitas práticas espirituais e filosóficas. Despertar a consciência e reativar o terceiro olho são vistos como passos críticos para a transcendência e a realização do nosso potencial pleno. Técnicas de meditação, respiração consciente, ativação da glândula pineal e práticas energéticas são maneiras de desbloquear nossa consciência. Estes métodos visam reconectar-nos com nossa essência mais profunda e expandir nossa percepção além das limitações impostas.

Tais métodos foram sistematizados nas tradições do yoga e remontam às antigas civilizações que unificavam uma forma integral de perceber e estar na realidade. Este estado de consciência é totalmente orgânico e experiencial, pois denota a mediação direta da consciência individualizada com a consciência fonte primordial. Logicamente, estes conceitos estiveram fora do alcance doutrinal das distintas hierarquias da renomada cultura védica, pois datam de períodos ainda fora do escopo cientificista. Entretanto, o ponto principal reside em traçarmos um parâmetro de referência ao que temos estabelecido hoje e como teríamos nossa consciência original sem as limitações psico-energéticas definidas pelos modelos de crenças. Esta seria a essência de toda prática e fundamentação por trás do que se conhece atualmente como yoga.

Práticas de despertar, como a meditação, podem ajudar a superar barreiras internas e externas. Através do autoconhecimento e da realização de nossa verdadeira natureza, somos capazes de perceber a realidade de maneira mais clara e viver de acordo com uma verdade mais elevada. Este processo de despertar implica em um profundo autoconhecimento e a realização de nossa verdadeira natureza.

 

Práticas para Desbloquear a Consciência

Existem várias práticas que podem ajudar no processo de desbloqueio da consciência. A meditação é uma prática antiga e poderosa que pode ajudar a aquietar a mente e acessar níveis mais profundos de consciência. A respiração consciente é outra prática eficaz, que envolve focar a atenção na respiração para acalmar a mente e aumentar a consciência do momento presente.

A ativação da glândula pineal, também conhecida como o terceiro olho, é uma prática que envolve técnicas específicas de meditação e respiração. Esta prática visa despertar a glândula pineal, permitindo-nos acessar níveis mais profundos de consciência e percepção. Práticas energéticas, como o reiki e a cura prânica, também podem ajudar a desbloquear a consciência. Estas práticas envolvem o uso de energia para equilibrar e harmonizar o corpo e a mente, promovendo a cura e o bem-estar.

A busca por integrar múltiplas disciplinas para entender a consciência e a realidade é um reflexo dessa jornada. A ciência, a espiritualidade e a filosofia se encontram para proporcionar uma compreensão mais profunda e holística do nosso lugar no universo. Despertar da Matrix é, em última análise, uma jornada de autoconhecimento e evolução, onde nos reconectamos com nossa verdadeira natureza e transcendemos as limitações impostas pela realidade física. Ao expandir nossa consciência e perceber a realidade de maneira mais clara, somos capazes de viver de acordo com uma verdade mais elevada e alcançar nosso pleno potencial espiritual.

Se você gostou deste tema,
também se interessará em estudar na Escola de Sabedoria Integral

As Dimensões do Ser

As Dimensões do Ser na Experiência Humana

Explorando a Complexidade da Existência Humana

Por Jayadvaita

 

Desde o momento da concepção até o presente instante, somos seres em constante transformação e evolução. Cada etapa de nossa jornada nos molda, nos ensina e nos leva a novas compreensões sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor.

Além das dimensões físicas e mentais, a teoria da infodinâmica nos lembra que somos seres em constante interação com a informação e a energia que permeiam o universo. Nossa jornada de transformação é impulsionada não apenas pela matéria e pela mente, mas também pela dinâmica complexa dos padrões de informação que nos envolvem. Neste artigo, vamos explorar as diferentes dimensões que compõem a essência do ser humano, uma jornada fascinante que vai além dos limites da matéria e da mente.

A Evolução Incessante:

Desde o início de nossa existência, somos impulsionados pela necessidade de crescimento e expansão. No útero materno, já somos influenciados pelas energias e padrões que moldarão nossas características físicas e emocionais. Ao nascer, começamos a receber estímulos do mundo exterior, iniciando assim um processo contínuo de interação e aprendizado.

Todo este processo de evolução da consciência ocorre a partir de uma intrincada relação entre dois campos: um campo de energia consciente e outro campo de energia informacional, resultando num avançado processamento de informações. Estes dois campos são como pólos da mesma consciência individual, e dessa forma, podemos argumentar que estão incessantemente presentes em todas as experiências subjetivas neste momento, tanto de seres humanos como em todas as demais classes e reinos de vida, pois tudo é permeado e constituído em consciência.

O ponto de partida para estas interrelações de campo se dá na experiência. É a partir dela que podemos entender como o cérebro processa e integra diferentes tipos de informações sensoriais para criar uma representação coerente do ambiente. Isso inclui desde a detecção de estímulos básicos até a percepção de padrões complexos e a atribuição de significado às informações recebidas. Isto é o que constitui a percepção.

A Consciência em Construção:

Ao longo de nossa jornada, somos moldados pelas experiências que vivenciamos e pelas interações com o ambiente ao nosso redor. Desde os primeiros momentos de vida, começamos a desenvolver uma compreensão do mundo e de nós mesmos, dando os primeiros passos em direção à individualidade e à consciência de nosso lugar no universo.

Assim, é na experiência que podemos contrastar aspectos de nossa individualidade humana para uma compreensão clara dos elementos da percepção e da consciência. Isso implica em investigar como a atividade neural subjacente está relacionada com a experiência consciente, incluindo questões como a consciência de si mesmo, a consciência do ambiente e a experiência subjetiva de sensações e emoções.

Esta tomada de autoconsciência denota um percurso em si mesmo, onde observamos ângulos distintos de nossa atuação como consciência eterna no fenômeno da experiência humana. É desta auto-observação mediada pela consciência que delineamos uma expansão de nossas dimensões. Quando temos ciência desta mudança expansiva, temos também um definido parâmetro diacrônico de como estávamos e de como estamos. É destes dois pontos contrastantes que obtemos uma noção real da evolução. Logo, o que promove a evolução da consciência é sua própria expansão nos infinitos campos de experiência que o humano pode ter.

As Seis Dimensões do Ser:

Segundo a filosofia metafísica do yoga, o ser humano é composto por seis dimensões interligadas, cada uma desempenhando um papel único em nossa jornada de autodescoberta e crescimento pessoal. Essas dimensões são:

  1. Corpo Físico: Nosso veículo terreno, através do qual experimentamos o mundo tangível e realizamos ações físicas.
  2. Mente: O reino dos pensamentos, emoções e percepções, onde construímos nossas narrativas e interpretações da realidade.
  3. Intelecto: A faculdade que nos permite discernir, analisar e compreender o mundo ao nosso redor, além de tomar decisões conscientes.
  4. Ego: A identidade individual que construímos ao longo da vida, muitas vezes baseada em nossas experiências, papéis sociais e crenças.
  5. Consciência Testemunha: A parte de nós que observa silenciosamente todas as outras dimensões, conectada à essência divina e imutável que reside em nosso âmago.
  6. Alma: A centelha divina que anima nosso ser, conectando-nos à fonte primordial de toda a existência e proporcionando-nos um sentido de propósito e conexão universal.

A Jornada da Consciência:

Cada dimensão do ser humano desempenha um papel vital em nossa jornada de autodescoberta e crescimento espiritual. À medida que exploramos e integramos essas dimensões, expandimos nossa consciência e nos aproximamos de uma compreensão mais profunda de nossa verdadeira natureza.

Para embasar esta ideia, podemos usar a neurofenomenologia. Esta ciência nos oferece uma abordagem que integra os aspectos neurobiológicos da mente com as experiências subjetivas da consciência. Ao explorar como os processos cerebrais influenciam nossas percepções, emoções e pensamentos, essa abordagem nos permite compreender melhor como a mente e o corpo estão interconectados. Ao integrar essa compreensão com as dimensões espirituais, podemos expandir nossa consciência e nos aproximar de uma compreensão mais profunda de quem somos. Ao honrar e explorar todas as facetas do nosso ser, podemos embarcar em uma jornada de crescimento holístico, alcançando uma harmonia mais profunda entre mente, corpo e espírito.

Podemos concluir que as dimensões do ser humano são tão vastas e complexas quanto o universo que habitamos. Ao explorar e honrar cada uma dessas dimensões, embarcamos em uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal, conectando-nos mais profundamente com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor. Que possamos continuar a explorar as infinitas possibilidades de nosso ser, com coragem, curiosidade e gratidão pelo presente da vida.

Se você gostou deste tema,
possivelmente você também se interessará pelo livro A Experiência do Ser nas Dimensões Humanas

A Meditação como Ferramenta da Consciência

Entendimento da Consciência no Novo Horizonte Humano

A dicotomia entre consciência e matéria já não ressoa mais na experiência direta do cérebro humano. Nossa realidade permanece constante, mas nossa percepção se transforma a cada instante. Por exemplo, quando ouvimos o canto de um pássaro, o contexto é automaticamente associado à memória, revivendo um arquivo pré-existente em nossa mente. No entanto, na presença direta dessa experiência, o pássaro se revela como uma manifestação única e singular do momento presente.

Transcender o discurso teórico para uma experiência prática é essencial para alcançar um estado de consciência fenomenológica, conhecido como samadhi no Yoga. Qualquer abordagem dicotômica, dualista, ou naturalista apenas obscurece a realidade, distanciando-nos da experiência direta da consciência.

Este é o passo fundamental para a transição de um estado humano limitado para um estado divinamente humano. O novo horizonte do Yoga serve como um guia para essa jornada em direção ao novo horizonte da humanidade.

Ampliando o Conceito de Cura Cognitiva

A compreensão e aplicação prática meditativa como evento fenomenológico da consciência, como delineado no contexto do Yoga, é essencial para a o que definimos como cura cognitiva. A cura cognitiva, como ferramenta de recodificação de impressões e registros distorcidos pela percepção, transcende a mera restauração das funções cognitivas comprometidas (clinicamente); ela abraça a transformação profunda da consciência, ajustando e levando suas funções a uma percepção mais clara e direta da realidade. Nesse sentido, a prática de cura cognitiva como decodificação dos signos semânticos da realidade é fundamental.

A decodificação dos signos semânticos da realidade refere-se à habilidade de discernir além das aparências superficiais e das interpretações condicionadas, para alcançar uma compreensão mais profunda e autêntica da realidade experienciada. Isso envolve a dissolução das camadas de condicionamento mental e emocional que distorcem nossa percepção, permitindo uma experiência direta e sem filtros da consciência pura.

Meditação como Ferramenta para a Decodificação da Realidade

A meditação é a prática mais eficaz para facilitar a decodificação dos signos semânticos da realidade e promover a cura cognitiva. Ao cultivar uma consciência fenomenológica do momento presente, a meditação nos permite observar os padrões de pensamento e as reações emocionais que moldam nossa percepção da realidade. Isso nos capacita a reconhecer e transcender os condicionamentos mentais e emocionais que limitam nossa compreensão da verdadeira natureza das coisas e de nós mesmos.

Durante a meditação, aprendemos a reconhecer os padrões de pensamento condicionados como meros padrões de energia codificadas na mente, sem nos identificarmos com eles. Isso nos permite desidentificar-nos dos pensamentos e emoções passageiras, revelando a consciência pura que subjaz a todas as experiências. Nesse estado de consciência expandida, somos capazes de decodificar os signos semânticos da realidade com clareza e discernimento, alcançando uma compreensão mais profunda e autêntica da verdadeira natureza da existência. É a partir disso que se possibilita o salto para o próximo estágio em nossa própria consciência - como um passo em um degrau acima, a partir do qual observamos os padrões condicionantes nos degraus abaixo. 

Aplicação Prática da Decodificação da Realidade na Cura Cognitiva

Na prática da cura cognitiva, a decodificação da realidade através da meditação pode ser aplicada de várias maneiras. Por exemplo, indivíduos com distorções cognitivos podem utilizar a meditação para desenvolver uma maior consciência de seus padrões de percepção, pensamento e comportamento, permitindo-lhes reconhecer e modificar padrões incoerentes que contribuem para seus sintomas. Em muitos casos, observamos que esses sintomas estão tão enraizados em nossa percepção da realidade que acabam se confundindo com ela. Inicialmente, pode parecer assustador pensar em deixar de lado esses sintomas, pois eles se tornaram uma parte integrante de nossa identidade. Por exemplo, em meio a um estilo de vida agitado e estressante, a meditação pode parecer uma atividade entorpecente, levando à sonolência e falta de energia.

Além disso, a meditação pode ajudar os praticantes a desenvolver uma atitude mais compassiva e não julgadora em relação às suas dificuldades cognitivas, promovendo a aceitação e a autocompaixão como parte do processo de cura. Ao decodificar os signos semânticos da realidade, os praticantes são capacitados a encontrar significado e propósito em suas experiências, promovendo uma sensação de conexão e integração consigo mesmos e com o mundo ao seu redor.

Desse modo, manter um estado de consciência descritiva ou fenomenológica na prática da meditação, como uma ferramenta para decodificar os signos semânticos da realidade, é essencial para a cura cognitiva. Ao cultivar uma consciência fenomenológica e uma experiência direta da realidade, somos capazes de transcender os condicionamentos mentais e emocionais que limitam nossa compreensão da verdadeira natureza das coisas, promovendo uma transformação profunda da consciência e uma cura autêntica e duradoura dissolvendo nossas velhas crenças.

Texto escrito por Jayadvaita

Se este texto te interessou,
possivelmente você também se interessará pelo Retiro de Meditação e Imersão em Cura Cognitiva  

A Natureza do Eu e a Consciência

Somos feitos de energia, som e luz. Nada mais que isso. Energia que expressa amor. Som que vibra amor. Luz que manifesta amor. Nada mais que isso.

A primeira lembrança que guardamos ao abrimos nossos olhos, ainda no colo materno, foi o brilho dos olhos de nossos pais, que banharam nossa existência com amor em seus olhares, palavras e afeto. Somos feitos disso.

Quantas marcas carregamos em nosso coração e que não são feitas desta mesma natureza matriz? Quantos sentimentos trazemos em nosso coração que contradizem nossa natureza real? Quantos horrores não criamos sobre nós mesmos, nossas vidas e nossos destinos e que não estão alinhados com o que realmente somos?

Toda poeira aglutinada em nossos corpos compõem nossa própria história e nos torna únicos  neste universo. Tivemos inúmeros corpos e passamos por infindáveis experiências para chegarmos onde estamos hoje. O que somos agora. De que valeira olhar trás na tentativa de mudar algo? Nada. De que valeria buscarmos no passado os passos dados e tentarmos mudar tais passos para nos tornarmos quem gostaríamos de ser no presente? Nada.

Nada adiantaria pelo fato de que somos plenamente quem somos. Nada mudará isso em circunstância alguma, pois esse foi o amor lançado pela Mãe Natureza quando em seu grande corpo fomos acolhidos em algum momento do tempo em nossa eternidade. Qual o valor real que há na aparência do mundo que vemos hoje? De nossa aparência no mundo que se mostra para nós agora?

Nesse labirinto existencial, consideramos a realidade apreendida por nossos sentidos e moldada pelos padrões mentais, pelos pensamentos julgadores, pelos condicionamentos comparativos e pelas normas culturais de certo ou errado, de bom ou ruim, de aceito ou não aceito - nesse imenso labirinto artificial, vivemos em busca de algo. Mas, no fundo de nosso ser e no mais elevado estágio de nossa alma, no mais amplo estado de nossa consciência pura, sabemos que não há nada a ser buscado.

Somos plenos de paz interior. É dela que brota felicidade e alegria. A questão não está em mudar a natureza de nossa existência, mas aprender como lidar com ela, sem que nos afastemos de nossa paz interior. Isso é o mais importante.

Muito do que vemos é visto pelos olhos dos outros. Sentimos pelos sentidos do mundo. Quando olhamos no espelho vemos a quem alguém quer que vejamos. Se olharmos a realidade com nossos olhos espirituais veremos que esta máscara só é usada para encenarmos o teatro ilusório do mundo material. Somos energia, som e luz sintetizadas em consciência pura e individual. Somos seres eternos e plenos de beleza, sabedoria e amor. Nossa beleza não está no que observamos ou percebemos, mas na capacidade de observar e perceber. Somos nós que lançamos a beleza na realidade. A sabedoria não está nos livros, sábios ou mestres, mas dentro de nossa simplicidade e desprendimento frente ao julgamento do mundo, cego e insensível. O amor não virá da apreciação interessada de qualquer outro indivíduo, animal ou divindade, mas de nossa entrega despojada de toda sutil hostilidade de nosso falso ego.

Quando olhamos para nós mesmos, devemos ver a composição e buscarmos o autor que compôs a obra. Como numa sinfonia, onde temos dezenas de instrumentos tocados por cada músico, sendo cada qual responsável pela obra, pela composição. Mas toda a composição dança sobre a partitura composta pelo autor. Esse autor é o verdadeiro eu. É para ele que devemos olhar. É a partir dele que devemos ouvir, perceber e viver a grande sinfonia da existência humana. A composição é a obra final - e como toda obra, tem um começo e um fim. O autor não. Ele vive independente de sua obra.

Assim, viveremos em nossa natureza de amor intenso, imaculado e incondicional. E todos os detalhes aos quais nos detivemos, foram apenas notas, tons, timbres ouvidos enquanto nossa obra existencial foi executada ao longo da vida.

Enfim, somos o Ser Consciente, ou a consciência que assiste ao observador, enquanto esse se entretem com os objetos de sua observação. Não se identifique com as características do observador, apenas tenha consciência de que ele está aí. Não se identifique com os objetos presentes no campo observado, pois o próprio observador é parte destes objetos presentes no campo consciente ou na presença do Ser Consciente. Tudo é passageiro. Apenas esteja consciente do que está em sua consciência, mas não se identifique com os objetos que passam por ela, nem mesmo com o observador que se coloca presente em sua consciência e se faz passar por você, por seu Ser Real.

 

_

Ensaio é uma expressão livre de argumentos que revelem um olhar embasado, crítico e compassivo através da arte da escrita. Se algo tocou em sua semelhança, afirmo não ter sido pessoal, apenas coincidência.

Para não se sentir numa aldeia de ignorância, entre para a Escola de Yogis.

Auto-ajuda no Yoga Motivacional

Ensaio 3

Por Jayadvaita Das

Palco de Comédias no Yoga

Dentre as sátiras exotéricas que infestam o espírito de nossa época está a moderna yoga motivacional. Um empurrãozinho leve para que não nos sintamos prejudicados pelo mal posicionamento dos deuses sobre nossas cabeças? Ou uma salutar desculpa para não nos responsabilizarmos pelo que seria natural de nossa condição humana? Ou ainda, uma esquiva religiosa aos pés da bandeira do yoga, para nos proteger de nossa malevolência?

Em outras palavras, cuidado com interlocutores em pele de yogis. Mas também, pode considerar peles de santos, sábios, mendicantes, mentores e cocheiros da infantilidade barbada. Sim, conheço o trabalho de coach sérios, mas quase cem por cento ainda estão precisando de ajuda — ainda que vendam auto-ajuda.

Conhecimento é aquilo que nos conduz ao autoconhecimento, caso contrário é informação que apenas distrairá mais a rasa atenção das pessoas. O remédio que realmente ajuda é o conhecimento e não a performance de palco dos palestrantes motivacionais.

Se por um lado temos o vazio técnico que pode nos paralisar, devido à insensatez do objetivo pelo qual os pomos à prática de uma determinada técnica, de outro lado teremos o vazio semântico (podemos dizer, o vazio metafísico) que embase o motivo proposital do que fazemos ou do dizem fazer por nós.

O traje da ignorância

A verdade é que ninguém está nenhum pouco se importando com você. A menos que você seja um potencial consumidor precisando de ajuda. Somente assim notarão que você existe. Em vez disso, será somente número estatístico dos algoritmos.

É desta percepção de valor que temos, somada ao vazio semântico em que vivemos, o que nos torna vítimas fáceis dos interlocutores (enganadores) do yoga e demais seitas.

Um exemplo. Recentemente disse para uma família, que lamentava a qualidade dos estudos no colégio de seus filhos, que se eles lessem ou estudassem uma hora a mais por dia se tornariam mais inteligentes que seus professores. Riram de imediato, depois silenciaram-se por ponderação.

A raiz da realidade

No estudo sobre os Arquétipos do Yoga, constatei que o problema da desmotivação, falta de propósito e autoconfiança repousa na superficial capacidade de apreender a presença no que é a realidade. Quer dizer, a maioria de nós somente acessa o que está na superfície da realidade, sem considerar o que está regendo e estruturando nossa própria realidade. Por exemplo, colocamos o propósito em algo aparente, não em algo real. Acreditamos na impressão sobre algo, não no objeto que imprime esta sensação em nossa percepção. Buscamos por algo que ‘está lá fora’ sendo que este algo é apenas o reflexo do que há dentro de nós. 

Isto é, historicamente o ser humano nunca consumiu tanta ilusão como se fosse realidade, como se consome atualmente. Isso é o resultado de desconhecermos os elementos que estruturam a realidade em nossa consciência. Esses elementos constituem os arquétipos, mas não os arquétipos da superfície, que até os marqueteiros usam para te vender sonhos — não. Estou falando dos arquétipos constitucionais, que alimentaram mesmo a imaginação dos gregos, egípcios e demais povos antigos.

Interlocutores em pele de yogis

Por mais que pareça absurdo, hoje somos facilmente enfeitiçados pela maquiavélica persuasão de máquinas e parasitas. 

No fenomenal ambiente de ‘aprendizagem e alta cultura’ chamado tiktok, me veio um vídeo de um marqueteirozinho (que ainda mora na casa dos pais e tem quem arruma sua cama, quando acorda, depois das treze horas), onde ele revelava sua estratégia de negócios: “você entrevista seu cliente numa reunião, descobre o que ele precisa, inventa uma solução, oferece uma mentoria e fatura sem saber nada daquilo que ele precisa, e sem que ele saiba que você também não sabe nada do que está falando.” Este é o absurdo da carência humana atual.

Havendo enganados, haverão enganadores…

E ansiando por um estado de plenitude que suprima a estafa virtual, aspira-se por viver sonhos, numa realidade imediata e sem qualquer compromisso prévio ou futuro.

Nesse momento entram em cena os interlocutores do bem humano. Se algo te prende ao passado, traz sofrimentos do inconsciente ou faz emergir seus desejos mais insanos, você encontra ombro amigo em seitas freudianas. Se você precisa de um empurrão para parar de procrastinar, para não se ver sempre na derrota e para  ser alguém um pouco melhor, você pode se orientar por inventores do bem-estar, vendedores sucesso pessoal e engenheiros de metas falidas. 

Mas, se você quer viver intensamente o presente, desfrutar irrevogavelmente do aqui e agora, sem ter que lavar a louça do jantar, busque por mentoria, consultorias ou algum outro técnico do positivismo emocional e pueril para aprender a arte do carpe diem. Nada mais banal…

Portanto, não consuma o yoga motivacional, mesmo sabendo que é droga lícita. Não confie em quem vende soluções aos seus problemas, só para pagar os custos dos problemas dele. Não se aventure na densa floresta das informações, embora pareça ecologicamente correto, esta floresta é somente o pano de fundo da era das distrações. Cultive conhecimento.

Use e abuse do conhecimento como solução para se conhecer. Descarte todo e qualquer tipo de auto-ajuda. Engaje-se no autoconhecimento. Meditai e vigiai para não se corromper por pastores maquiavélicos em pele de yogi.

Mais conhecimento, menos informação.

_

Ensaio é uma expressão livre de argumentos que revelem um olhar embasado, crítico e compassivo através da arte da escrita. Se algo tocou em sua semelhança, afirmo não ter sido pessoal, apenas coincidência.

Para não se sentir numa aldeia de ignorância, entre para a Escola de Yogis.

Crítica da Razão Técnica no Yoga

Ensaio 2

Por Jayadvaita Das

O Problema da Técnica

A prepotência moderna, apartada da transcendência, remonta há séculos – antes mesmo do advento viciante das redes sociais. Para tornar e manter didática esta exposição, traço uma breve reflexão a partir do ensaio crítico de Martin Heidegger sobre “a questão da técnica”.

Basicamente, neste ensaio, Heidegger demonstrará que a questão técnica foi rompida quando passou de orgânica à mecânica. Logicamente, Heidegger nunca estudou a visão metafísica do Yoga. Mesmo assim, tentarei demonstrar que, partindo do argumento de Heidegger sobre a questão da técnica, esta mesma alteração ocorre no pensamento prático do yoga, principalmente nos últimos seis séculos.

A etimologia da palavra técnica vem do técne, termo grego que designa arte, habilidade de criar o belo. Posteriormente envolveu também o conceito de poiesis, ou arte poética. Logo, técnica estaria ligada ao fazer como ato criador. O ato de criar está integrado à técnica. Mas, esta técnica nasce orgânica, inata ao ser humano, que vive e atua inserido (e consciente de sua inserção) na consciência do divino que em tudo habita. Naturalmente, a concepção grega de divindade é uma concepção empírica e difere da noção védica de divindade. Em outras palavras, podemos entender que a técnica era isenta do nebuloso ego artístico do poeta. Era dado ao homem a capacidade de criar enquanto inserido no ato, sem terceirizar ou necessitar de um intermediador, de um mecenas. Guarde bem este termo, ainda vivo e tonificado nos dias atuais: mecenas (hoje, o trêfego no mercado digital).

Paralelo à prática da técnica como atuação no processo de  compor, enquanto preservação da união homem e criador, teremos na tradição literária do yoga, a busca pela integral união homem e deus. Neste caso, em vez de compor, fazer da técnica, o homem passa apenas à contemplação estética do divino, dando a si mesmo o estatuto de deus. Ora, a ideia não altera as categorias originais e ontológicas do ser. Não é pelo fato de alguém pensar ser deus que se tornará deus.

Enquanto no ocidente o homem ruma à perfeição estética, que exigirá a eliminação de deus como objeto estético original, o que culminará na renascença, no oriente, mais especificamente na Índia, teremos a manifestação concludente de deus na arte, porém, em ambos os casos, a técnica perde sua essência de composição orgânica e se desenvolve como produção mecânica. Assim, o aspecto místico  do Yoga transita para esboço mecânico de uma autorrealização meramente de nome, ou externa, sem qualquer âmbito metafísico ou espiritual.

O artista passa a produzir arte como mercadoria, usando técnicas que exigem o objeto como algo externo a ele, o que não lhe é orgânico e natural. O homem passando ao centro humanístico torna seu mundo dividido pela realidade interior e exterior: o sujeito e o objeto; a mente e o corpo; a alma e a matéria. Diríamos, o que o mercado ditaria e o que o mecenas lhe pagaria. Para se sobrepor ao demiurgo original (proveniente da idealização platônica), a técnica passa a dar ao compositor artístico e poeta a habilidade de produzir arte e lírica tal qual o público exige e o mecenas impõe.

Neste mesmo momento, temos a efervescência corpórea do Hatha-yoga, que segue a cartilha do homem (ou do corpo) no centro do universo. Tal qual a renascença artística européia, tem-se na terra do conhecimento, a instauração da adoração ao corpo como forma e produto técnico do yoga. De certa forma, estamos falando do século quatorze, sendo portanto, ao menos no aspecto teórico e diacrônico, o Hatha-yoga o “precursor” da aura renascença no yoga, que viria a florescer em diversas regiões da Índia, ao mesmo tempo em que Florença produzia a grande arte para o mundo moderno.

Não há dúvida sobre as habilidades artísticas de Da Vinci, Michelangelo e Giotto, no entanto, habilidades estas delineadas pelo domínio técnico de produção sob encomenda, não mais sob o puro e direto ato de criador. O poeta e artista se torna um produtor. Ainda que numa configuração arcaica, temos aí o delinear da modernidade, onde a demanda por necessidades artificias se somarão à produção sob encomenda, ou seja, sob demanda dos renascentistas. Cabe ressaltar que estamos falando do início do capitalismo.

No yoga, por outro lado, o yogi se tornará um fazedor de yoga (não mais um praticante experimental), de onde veremos o apelo a outros produtos persuasivos, como sexualidade, poder místico, longevidade e exaltação corpórea. É da nascente do hatha-yoga que brotará os faquires chamadores de audiência, que a partir do século dezesseis atrairia a admiração do público geral, em ruas imundas e abarrotadas de desocupados. Porém, é deste meio confuso e caótico, que mistura exibição corpórea sobrenatural e retenção encantada da atenção de mentes subdesenvolvidas, que o ocidente importará a prática mecânica do yoga, como a mais alta cultura.

Nesse período, a técnica orgânica já fora perdida. Restando somente a mecânica que movimentaria as máquinas da revolução industrial, dando ao homem um novo status, onde ele preserva sua ilusória condição de deus, mas um deus falível e indefinível para a modernidade, como produto-homem-deus.

Embora possa parecer ficção científica, é a realidade que temos hoje diante de nossos sentidos. Quer dizer, uma perda da noção exata do que é realidade em meio à massiva ilusão.

A técnica se desdobraria até o ponto de suplantar a produção, criando uma nova condição na existência humana. A máquina, organizada dentro de técnicas precisas, passa, então, a preencher o ato humano, dando liberdade ao homem e elevando-o ao patamar de produto em que, numa lógica inversa, como numa granja industrial, o homem passa a ser alimentado continuamente por demandas artificiais, necessidades banais, expectativas improváveis e delírios virtuais numa rede de internet.

A técnica mecânica se transmuta no monstro tecnológico que abrange todo fazer, sentir e pensar humano, limitando a liberdade do homem às regras tecnocráticas de uma prisão, desde uma mera pesquisa no google até às formas de pagamento online.

Neste ponto, todas as correntes técnicas, seja das manifestações artísticas, seja das ciências argumentativas, seja das tradições do yoga, estão contaminadas pelo fazer mecânico virtualizado pelas tecnologias.

Por ironia, o termo latino virtual se refere à potência do que pode vir a existir e também à força corpórea – algo bem distinto que consumimos como virtualidade, onde simplesmente somos banidos do orgânico estado de existir e entramos no prazeroso berço do consumir, entreter e  menosprezar a atenção.

É neste meio complexo que a maior parte das pessoas fazem yoga, ou reproduzem a mecânica do yoga – aquilo que vemos mais do que experienciamos. 

Em vez de fazer, de reproduzir, deveríamos praticar (de práxis ou de practike) a experiência que extraímos no yoga. Ou seja, compor dentro de si, vivenciar dentro de si e a partir de si, a experiência viva e orgânica do yoga, abandonando a reprodução mecânica do que vemos, do que ouvimos, do que assistimos e absorvemos como se fosse yoga. Assim como existem mais caciques do que índios, no yoga, estes caciques procuram ser vociferantes papagaios que apenas repetem o que ouvem e creem, sem ao menos experienciar a natureza da alma integrada com sua divina consciência.

A reprodução do yoga, ou o yoga como produto, se refere ao fazer yoga externamente, sem imersão, sem autoconsciência, sem introspecção. É a reprodução do yoga num labirinto de espelhos, onde somente os egos se refletem e se cobiçam.

A prática orgânica segue as técnicas originas, como meio de lançar o praticante à experiência interior, desligando-se do produto yoga, das propagandas e demandas criadas para atrair novos consumidores (do yoga ou seria ioga, ou ainda ióga?). 

Ato e espírito estão juntos, organicamente (e ontologicamente). Ego e produto estão unidos mecanicamente (e fisicamente), através desta construção virtual na qual fomos lançados hoje e estamos imersos.

A questão da técnica trazida por Heidegger não está viva nos dias atuais; o que existe são apenas reproduções desse pensamento crítico, pois ele mesmo fora um reprodução técnica, cuja incapacidade metafísica o levou a considerar que a vida ou a realidade é mera linguagem. Tal equívoco cognitivo o levaria aos extremos da técnica política da Alemanha na 2ª guerra mundial – o resto já é conhecido pela história. 

Agora, para quem segue disciplinas práticas do yoga, tais questões estão ainda mais vivas, pois vivemos também num contexto onde as emoções se tornaram produto. Todos querem consumir uma técnica, um novo treinamento, uma nova experiência capaz de dar suporte aos conflitos emocionais através de reprogramações de linguagens, cuja origem de tais conflitos repousa justamente neste mecanicismo virtual, que permitimos entrar em nossas vidas, possibilitando o conforto e comodidade da tecnologia e dos aplicativos que “facilitam a vida”.

Entretanto, a lacuna que surge deste preenchimento artificial é a ignorância, capaz de criar todas as variadas formas de sofrimento humano na modernidade. Para a ignorância nem se exige técnicas. Basta ignorar que existem técnicas condicionantes moldando nossas capacidades originais.

Mais yoga, menos artificialidades.

_

Ensaio é uma expressão livre de argumentos que revelem um olhar embasado, crítico e compassivo através da arte da escrita. Se algo tocou em sua semelhança, afirmo não ter sido pessoal, apenas coincidência.

Para não se sentir numa aldeia de ignorância, entre para a Escola de Yogis.

Cheiro do Yoga Pós-moderno

Ensaio 1
Por Jayadvaita Das

Marshall McLuhan não era um inveterado praticante de yoga e nem mesmo se dedicou aos estudos desta ciência. Seu campo foi das aldeias midiáticas.

Em plenos anos sessenta, suas teorias foram lançadas aos ares sem que pudéssemos definir o que seu alcance visionário geraria. Na verdade, ele não criou nada, apenas observou os delírios que teríamos, no vindouro século vinte e um, frente às mídias tecnológicas.

Mas, o que teria a ver um teórico da comunicação com a prática do yoga? Hoje, tudo.

Basicamente a ideia central da comunicação pensada por McLuhan foi de uma aldeia global onde todos estariam se comunicando, independente das condições geográficas e culturais. Num primeiro momento, podemos até considerar aspectos positivos desta visionária contribuição à moderna carência humana. Se em séculos passados tínhamos a liberdade natural de vivermos cada momento em plenitude – seja em contato com os animais, com os pés descalços à beira de um rio limpo e calmo, seja em horas de ócio, que podiam tomar o dia todo sem qualquer consequência desastrosa às postagens na timeline de nossos seguidores, que viriam a ficar frustrados com a ausência silenciosa de seus influentes oradores maquiados pelo estrelismo pueril e malévolo – hoje, fica evidente que nos escravizamos em algemas móveis conectadas aos pulsos.

A aceitação subjaz à súplica íntima, quase declamatória, com que a maioria de nós desejamos nos expor nas telas e aos olhos de outros que, sem qualquer mácula explícita, tem o magnetismo mágico da cobiça que cativa, pelas coleias invisíveis, o campo da imaginação. O que McLuhan nos escondeu se revela como jaulas, camisas de força, palco de circo ou sanatório doméstico hiper decorado, e não uma legítima aldeia virtual.

Em meio aos inúmeros dados, surgem os oportunistas de mercado digital, que veementemente, torna todos nós dignos professores, autoridades, cientistas ou artistas capazes de ensinar a transformar o mundo num passe de trágica ilusão.

A aldeia de McLuhan se tornou uma feira-livre, onde alguns vendem até a própria mãe, na sonífera expectativa de ganhar a tão famigerada fama, nos quinze minutos de Andy Warhol. 

O que poucos notaram nestes últimos anos, foi a falsa demanda criada na ideia tribalista virtual de McLuhan. Ou seja, hoje todos são gênios em potencial e ignorantes em tempo integral. Neste caldeirão canibalístico, descobrimos estarmos cada vez mais distantes das nascentes que brotam água limpa. Em outras palavras, o conhecimento foi diluído em doses tão diminutas, que a contaminação midiática torna conhecimento, veneno.

Nesta metafórica nascente do rio, podemos entender como a raiz pura do conhecimento inato, porém perdida pelo homem. A pós-modernidade foi a vitoriosa na tentativa de anular o acesso à experiência deste conhecimento, desviando-nos para o divertimento. Como se tivéssemos entregue nossas liberdades naturais, por uma suposta satisfação frutífera (talvez de uma maça envenenada) que jamais alcançaremos. Acessar este conhecimento requer conhecer-se profunda e plenamente – sem cair nas malhas de crenças sugestivas.

Autoconhecimento, na pós-modernidade, se tornou sinômino de assunção da grande tolice que impera sob o autêntico termo popular de auto-ajuda. Eis a aldeia que se transformou em circo.

O rio e sua nascente são expressões de linguagem que uso aqui para simbolizar a raiz. Do latim, raiz, ou origem, tem o mesmo radical etimológico. Quer dizer, radical não significa o que se concebe na língua inculta: radicalizar, adotar postura inflexível, fanatismo, revolução ou exotismo exibicionista e excêntrico. Não. Radical indica raiz, origem, estado inato e puro de algo. Aqui, conhecimento radical é um conhecimento não manchado, não alterado, tradicional, clássico, e muitas vezes não aceito nas aldeias virtuais de McLuhan.

A homogeneidade das redes sociais forçou com doçura a transformação de todos em seres cômicos vestidos de palha. Em outros termos, fazer comédia vestindo-se de palha é assumir o papel de palhaço. É isto que podemos assistir diariamente na redes sociais, se não tivermos um bom livro, um laser, um esporte ou satisfatória prática meditativa para bem ocupar o tempo.

O humor exalta palmas da platéia, que flui sem muito refletir. A sátira levanta questionamentos mais rentes ao nosso ego, sendo adequada à qualificada transmissão comunicativa, isto é, ensino e aprendizagem. Há uma sutileza entre o palhaço cômico, herdado dos bobos-da-corte, e o poeta que domina sua arte verbal e torna capaz as palavras se revelarem no fundo da alma, com um incômodo riso de satisfação, não de banalidade da própria existência humana, mas de revelação.

Não seria a sátira, em vez do humor, que nos conduziria à raiz do autoconhecimento? Sem dúvida que o palhaço ganha seu pão em forma de seguidores, através do entretenimento, ao passo que o sábio o faz ao transmitir conhecimento. Um senso justo que pudesse averiguar em algoritmos a predominância de ambos, nos daria uma sardônica constatação de que a atual aldeia de McLuhan é mesmo um grande circo global, onde palhaços nos fazem rir continuamente, sem que percebamos darmos amistosamente nossos cartões de crédito e atenção fidelizada.

O riso discreto que possa esta reflexão nos trazer, deve ser um ato experienciado. Vá até sua rede social preferida e veja o primeiro anúncio que aparecer. E volte aqui… era um palhaço? Era um mecânico das emoções humanas vendendo auto-ajuda? Ou era um anunciador da escatologia científica?

Creio que, sendo leitor ou leitora deste ensaio, o anúncio poderá ter conotação estilo yoga doriana.

E neste campo do yoga, temos ainda suas ramificações escolares de banalidades que potencialmente são capazes de chamar a atenção e nos entreter: (1) os super-bem humorados que se lambuzam de expressões sem graça e incensos de naftalina com esotéricos de paz e amor; (2) os sectários evangelizadores de um puritanismo ecumênico, portadores de todas as bandeiras de defesas minoritárias, que vociferam verdades somente aceitas por aqueles que cultivam informações sentados em vasos sanitários; e por fim, (3) aqueles que dominam a arte circense do contorcionismo, a comédia grega do hedonismo, a beleza latina da corporalitas e daqueles que apreciam a vida mítica de Narciso.

Esta é a aldeia que nos cerca. Uma aldeia onde se comunica mais informações e menos conhecimento. E na aldeia tribalista de guruísmos, impera ainda a triste certeza de que conhecimento, verdade, estado absoluto de consciência ou até mesmo a concepção teísta da realidade, soa absurdo. Mais yoga, menos inteligência artificial.

_

Vídeo deste ensaio no YouTube.

Podcast deste episódio.

Ensaio é uma expressão livre de argumentos que revelem um olhar embasado, crítico e compassivo através da arte da escrita. Se algo tocou em sua semelhança, afirmo não ter sido pessoal, apenas coincidência.

Para não se sentir numa aldeia de ignorância, entre para a Escola de Yogis.

7 Códigos Práticos do Yoga-sutra

Como aplicar na prática conceitos apresentados há mais de dois mil anos?

Se um conceito baseado em conhecimento é válido, o tempo não o reduzirá ao esquecimento ou à impraticabilidade.

Isto é o que ocorre com obras literárias ancestrais do Yoga. É comum encontrar alunos estudiosos que sentem a barreira de se depar diante de conceitos metafísicos. É natural. Mas, precisamos romper esta barreira, pois a partir daí novos horizontes de significado se abrirão.

Vivemos um momento de redescoberta do ser humano…

E você pode notar isso na enxurrada de propaganda para autoajuda nas redes sociais. No entanto, isso não é um problema – somente não resolve o verdadeiro problema.

No passado remoto os yogis estudavam e aplicavam na prática o conhecimento sobre a natureza humana e espiritual. Os principais textos do Yoga nasceram destas reflexões profundas. Não nasceram em laboratórios ou centros de pesquisas acadêmicas. Textos como Bhagavad-gita e Yoga-sutra, Upanishad e Vedanta afloraram da visão mística oriunda da prática de yogis em plena absorção.

Naturalmente este tipo de mística não tem relação com o misticismo raso que se difunde atualmente. Ao contrário, a mística dos yogis constituía-se da base científica daqueles tempos – e que hoje, com o avanço da neurociência e abordagens mais precisas, têm se validado tais conceitos como ciência védica, a qual embasa parte da ciência contemporânea.

Você não precisa se tornar cientista ou filósofo para entender o sentido destes textos.

Porém, se faz necessário meios didáticos e práticos que não desviem a essência de sua aplicação.

Depois de cursar inúmeros estudos disponíveis em português e inglês, constatei a barreira metodológica de delicado apego religioso e sectário dado por seus interlocutores, isto é, professores e produtores de conteúdo digital (Patañjali teria seus vrttis agitados neste momento mais virtual que virtuoso…).

Diante dessa barreira, encarei o desafio de oferecer a Imersão no Yoga-sutra. O material didático teve com base um trabalho realizado por Swami Jnaneshvara Bharati. Usei este material e apliquei uma linguagem mais clara e atual de nossa realidade. O resultado são os 7 Códigos Práticos do Yoga-sutra.

São 4 Aulas onde traçarei os códigos conceituais do Yoga-sutra para um simples e direto entendimento prático. Você aplicará estes conceitos milenares do Yoga-sutra mesmo que não pratique e nem deseje práticas posturas do Yoga. Aliás, a principal marca do Yoga-sutra está no desenvolvimento psíquico, comportamental e da neuroquímica emocional.

Este estudo estará disponível para você em detalhes que ajudarão na compreensão da obra e da prática de Yoga como ele é. Você pode participar das aulas nos dias 10, 11, 12 e 13 de Maio ao vivo ou ter acesso às aulas gravadas. Para isto, inscreva-se e receba o cronograma, link e material didático das aulas. Nos encontramos na Imersão do Yoga-sutra.

O Poder da Respiração na Redução do Estresse

Uso da Respiração na Redução dos Sintomas do Estresse

Uso da Respiração na Redução dos Sintomas do Estresse

 

Desde que iniciei na prática do Yoga, a meditação e as técnicas respiratórias foi o que mais definiu minha experiência com a prática. Compartilho com você um pouco de minha paixão no Yoga. 

Como professor e praticante de Yoga há mais de 25 anos, busco a integração de consciência mente-corpo e isso tem mudando minha  vida ao longo dos anos. A primeira mudança veio de ter aprendido a respirar mais lenta e profundamente, o que me ajudou a ter acesso a um estado de calma mesmo nos momentos de estresse – quando mais precisamos. Outro fator marcante foi ter me ajudado a concentrar-me no que mais importa no momento e a largar as coisas que não são tão relevantes. Isso parece fácil, mas exige uma consciência focada nas atividades que realmente estamos realizando e distinguindo daquelas que estamos apenas pensando. É como separar as ações propriamente ditas das ações imaginárias.

Tendo acumulado experiências práticas com centenas de alunos, escrito vários artigos e um livro sobre pranayamas, e ainda por ter realizado dezenas de seminários sobre os benefícios das técnicas respiratórias do Yoga, assumi o compromisso de te ensinar a respirar adequadamente para que possa desintoxicar seu organismo, seu cérebro e sua mente do acúmulo de estresse.

Na verdade, tenho recebido centenas de emails pedindo indicação e orientações sobre prática de Yoga para ansiedade. Agora, sendo muito sincero, as técnicas respiratórias são mais rápidas e eficazes, além de ter bem menos restrições do que as técnicas posturais o Yoga. 

Se você precisar e quer conhecer o segredo das principais técnicas respiratórias no combate ao estresse, conheça O Poder da Respiração na Redução do Estresse neste link.

Você terá uma clara compreensão do que as técnicas de respiração podem trazer a você na gestão da ansiedade e alivio dos sintomas de estresse. Para isso, preciso falar brevemente sobre o que compõe as técnicas respiratórias do Yoga.

Sobre a natureza da vitalidade 

Prana é a palavra sânscrita para a ideia de força da vida, aquilo que nos anima. Ayama significa alongar, expandir, ou prolongar. Desse modo, pranayama é a prática que possibilita controlar e prolongar a os ciclos da respiração, de modo a desenvolver  uma consciência do fluxo de energia vital através dos canais vitais do corpo físico e de seu impacto no estado mental, ou seja, no resultado de calma e serenidade que a respiração controlada e expandida proporciona. Toda palavra em si tem uma qualidade viva – como uma onda que se move através da água ou do ar que viaja através do corpo. Logo, o som é uma energia vibrada a partir do prana. Podemos entender que existe um manancial inesgotável desta energia sendo manifesta pela matriz primal, isto é, do Ser Supremo, aquele que vivifica tudo o que existe.

Assim, pranayama pode ser praticado em qualquer lugar e por qualquer pessoa – desde que mantenha uma cautela em relação ao ritmo e intensidade desta prática, pois em algumas técnicas veremos a produção de calor no corpo, devido ao fluxo intenso da passagem de ar (ou prana em sua constituição física), o que pode alterar a pressão sanguínea e gerar mal estar para cardíacos e hipertensos, por exemplo. 

Embora existam diversos estilos e técnicas, todos preservam o mesmo objetivo: facilitar a tomada consciência respiratória do praticante, dando a ele condições de aprimorar a atenção no controlar do fluxo respiratório, que lhe trará melhores condições de saúde e bem-estar.

Esse é o motivo pelo qual podemos considerar os pranayamas como a arte yogica de respirar. Talvez você já tenha ouvido sobre pranayama em aulas de estúdio, ou talvez a tenha visto ou mesmo praticado numa aula de yoga. Mas, pode ter certeza de que quanto mais sabemos sobre os pranayamas, mais conseguimos explorar da experiência e seus benefícios.

 

A prática essencial do Yoga 

O pranayama é parte integrante da prática de Yoga. Corresponde à ponte entre os asanas (as posturas físicas) e a meditação. É a forma como ligamos os nossos movimentos à nossa respiração. Essa ligação nos permite entrar em nosso íntimo e ao mesmo tempo alimentar o corpo com mais oxigênio. Esta ligação entre respiração e movimento também nos ajuda a desintoxicar os diversos sistemas do corpo consumidos pelo estresse. Quando nos estressamos, tendemos a suspender a respiração, provocando ainda mais tensão no corpo e na vibração da mente. Quando conseguimos respirar profundamente, colocando atenção em cada movimento reparatório, começamos a eliminar a energia de estresse junto à tensão acumulada no corpo.

Esta prática milenar tem sido utilizada frequentemente por terapeutas e médicos devido às propriedades terapêuticas que tais técnicas geram. Em um estudo da Harvard Medical School, o pranayama melhora a concentração, a capacidade de atenção, a memória e a velocidade de processamento cognitivo. Comparando com as condições cotidianas da vida moderna, podemos entender facilmente o quanto é necessário dominarmos ao menos uma pequena parcela destas técnicas.  

A vida pode ser estressante, pois é fácil nos prendermos a tudo isto sem nem mesmo nos darmos conta. Quando notamos já nos sentimos ansiosos e tensos sem sabermos o porquê. Para evitar estas surpresas desagradáveis, podemos nos valer de meios que nos possibilite desligar a tomada do estresse e da ansiedade presentes na vida cotidiana. E isto não é difícil. Só envolve a vontade de aprender e começar a respirar corretamente.

Tire um momento para observar sua respiração. Perceba se está respirando de forma curta e rápida. Se estiver, simplesmente procure  respirar mais amplo, expandido e profundo. Sentirá de início como se seus pulmões não suportassem esta sobrecarga de oxigênio, mas não se acanhe. Esta sensação equivale aos exercícios de peso, quando seus músculos começam a indicar cansaço. Ao contrário, seus pulmões não estão fadigas, mas sedentários devido ao longo período de respiração curta e incorreta.

 

Comece a praticar hoje mesmo

Passe a praticar pelo menos 5 a 15 minutos diariamente com este foco de expandir o volume pulmonar enquanto respira. Faça este exercício principalmente se perceber que precisa se acalmar. Este é o melhor momento para você experimentar e constatar o efeito da respiração consciente sobre seu estado mental. 

Aprender a gerir a respiração através do pranayama lhe causará um enorme impacto, pois verá que é capaz de acalmar seu nervosismo e reduzir as hormônios de estresse acumulados em seu corpo.

No Workshop, apresentarei três técnicas simples e eficazes que poderão ser usadas como antídoto para o estresse. Estas técnicas te ajudarão a acalmar a mente e reduzir preocupações. Se estiver pronto para experimentar o que o pranayama pode fazer por você, junte-se a nós.